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Alterações morfológicas em raias

Autores: Talita Sant’Ana Chervenka, Raphaela A. Duarte Silveira, Raphaela Alt Müller e Douglas F. Peiró

2 raias Aetobatus Ocellatus nadando, com um fundo rochoso.

Raia-chita Aetobatus ocellatus. Fonte: Ank Kumar/WikimediaCommons (CC BY-SA 4.0).



As raias fazem parte do grupo dos Chondrichthyes, peixes que possuem a sua estrutura formada por cartilagem. Possuem várias características únicas; e assim como os tubarões, as raias também apresentam as doenças do desenvolvimento.


Da mesma forma como ocorrem as alterações morfológicas e funcionais nos tubarões, explicadas no artigo de bicefalia em embriões de tubarões do Instituto Bióicos, elas também acontecem com as raias. Podem ocorrer por alterações genéticas, como as mutações no DNA, ou por agentes teratogênicos, ou seja, por qualquer agente ou substância que afete o desenvolvimento do animal quando ele ainda está em desenvolvimento (embrião), como por exemplo vírus, parasitas, substâncias tóxicas, estresse, condições ambientais.


As malformações podem ser leves, em que não afetam o desenvolvimento e a sobrevivência do animal, e também há as malformações graves, que afetam tanto o desenvolvimento e a sobrevivência deles, como também podem acabar levando à morte embrionária.



ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS EM EMBRIÕES DE RAIAS


Uma raia-viola-do-focinho-curto, Zapteryx brevirostris, foi capturada incidentalmente durante uma pesca de arrasto de camarão. Ela foi levada até um laboratório para realização de testes, e após esse período, fizeram a sua eutanásia. Durante a necrópsia encontraram cinco embriões, quatro deles apresentando alterações morfológicas.


O primeiro embrião apresentou malformações leves, com apenas ausência da porção final da cauda. O segundo também apresentou malformação leve, com as nadadeiras peitorais não totalmente fundidas com a região cefálica e a lateral da base da cauda, além de um desvio da linha média no final da cauda.


Dois embriões de raia Zapteryx brevirostris. A com ausência da porção final da cauda e B com as nadadeiras peitorais não totalmente fundidas com a região cefálica e a lateral da base da cauda, além de um desvio da linha média no final da cauda. Ambas as imagens apresentando uma vista dorsal, ventral e radiográfica.

Dois embriões de raia Zapteryx brevirostris. Na imagem A a ausência da porção final da cauda (seta 1). Na imagem B as nadadeiras peitorais não totalmente fundidas com a região cefálica (seta 2a) e a lateral da base da cauda (seta 2b), além de desvio da linha média no final da cauda (seta 3). Fonte: adaptado de WOSNICK et al, 2019/Brazilian Journal of Oceanography (CC BY 4.0).



O terceiro e o quarto embrião apresentaram malformações graves. O terceiro com as nadadeiras peitorais não totalmente fundidas com a região cefálica, deformação na linha média na porção final da cauda e as brânquias estavam fundidas. O quarto também tinha as nadadeiras peitorais não totalmente fundidas com a região cefálica, com a malformação mais grave da nadadeira peitoral direita, havendo um espaço entre a nadadeira e a região cefálica. Também apresentou um grave desvio da linha média na região pélvica que se estendeu até a cauda.


Dois embriões de raia Zapteryx brevirostris. C com nadadeiras peitorais não totalmente fundidas com a região final da base da cauda, deformação na linha média e brânquias fundidas. Na D apresentou nadadeiras peitorais não totalmente fundidas com a região cefálica, com a nadadeira peitoral direita mais grave havendo um espaço entre a nadadeira e a região cefálica. Apresentou também um grave desvio da linha média na região pélvica. Ambas as imagens apresentando uma vista dorsal, ventral e radiográfica.

Dois embriões de raia Zapteryx brevirostris. Na imagem C as nadadeiras peitorais não totalmente fundidas com a região final da base da cauda (seta 1), deformação na linha média (seta 2) e as brânquias estavam fundidas (seta 3). Na imagem D as nadadeiras peitorais não totalmente fundidas com a região cefálica (1a), com a malformação mais grave da nadadeira peitoral direita havendo um espaço entre a nadadeira e a região cefálica (seta 1b). Também apresentou um grave desvio da linha média na região pélvica (seta 2). Fonte: adaptado de WOSNICK et al, 2019/Brazilian Journal of Oceanography (CC BY 4.0).



O quinto embrião não apresentava nenhuma alteração.


Não se sabe o que causou essas alterações morfológicas, mas acredita-se que tenham ocorrido por exposição a agentes teratogênicos durante o desenvolvimento deles.

Um embrião de raia Zapteryx brevirostris. Imagem E Não apresenta nenhuma alteração, mantendo sua morfologia natural. Apresentando uma vista dorsal, ventral e radiográfica.

Um embrião de raia Zapteryx brevirostris. Não apresenta nenhuma alteração, mantendo sua morfologia natural. Fonte: WOSNICK et al, 2019/Brazilian Journal of Oceanography (CC BY 4.0).



ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS EM RAIAS


Foi observado entre 2017 e 2018, durante o monitoramento da reprodução das raias Myliobatis chilensis, alterações morfológicas em três delas. A primeira apresentava uma cauda mais curta e grossa, ao contrário do esperado para essa espécie, que é uma cauda mais longa e fina.


Uma raia Myliobatis chilensis, fêmea, apresentando uma cauda mais curta e grossa do que esperada para a espécie. Apresentando uma vista dorsal, ventral e radiográfica.

Uma raia Myliobatis chilensis, fêmea, apresentando uma cauda mais curta e grossa. Fonte: VALDERRAMA-HERRERA et al, 2022/Universitas Scientiarum (CC BY-NC 4.0).



Raia Myliobatis chilensis, em sua vista dorsal e com sua morfologia preservada. Mostrando sua cauda fina e longa.

Raia Myliobatis chilensis, com sua morfologia preservada, a cauda normal para a espécie, fina e longa. Fonte: Adriana Gonzalez Pestana/WikimediaCommons (CC BY 3.0).



A segunda raia tinha uma abertura de 1,5 centímetros entre a nadadeira peitoral esquerda e a região cefálica. Essas regiões não se fundiram durante seu desenvolvimento embrionário. A ponta da nadadeira peitoral acabou se enrolando e a primeira e a segunda fenda branquial ficaram permanentemente abertas.


Uma raia Myliobatis chilensis, macho. Imagem 1 mostrando a raia em uma vista dorsal, ventral, cranio-caudal e radiográfica, com uma abertura de 1,5 centímetros entre a nadadeira peitoral esquerda e a região cefálica. Nas imagens 2 e 3 mostrando mais de perto essa abertura e as brânquias abertas nas posições ventral e lateral.

Uma raia Myliobatis chilensis, macho, na imagem 1 uma abertura de 1,5 centímetros entre a nadadeira peitoral esquerda e a região cefálica. Nas imagens 2 e 3 mostrando mais de perto a abertura e as brânquias abertas. Fonte: VALDERRAMA-HERRERA et al, 2022/Universitas Scientiarum (CC BY-NC 4.0).



A terceira raia apresentava suas nadadeiras peitorais divididas, dando a impressão de ter quatro nadadeiras peitorais, sendo o normal ter apenas duas, uma de cada lado. Foram nomeadas como anteriores e posteriores, sendo a anterior maior.


Uma raia Myliobatis chilensis, fêmea, apresentando as nadadeiras peitorais divididas, parecendo ter quatro nadadeiras peitorais, vistas em posição dorsal, ventral e radiográfica.

Uma raia Myliobatis chilensis, fêmea, as nadadeiras peitorais divididas, parecendo ter quatro nadadeiras peitorais. Fonte: VALDERRAMA-HERRERA et al, 2022/Universitas Scientiarum (CC BY-NC 4.0).



Não se sabe ao certo a causa das alterações nessas três raias, mas acredita-se que foi durante o desenvolvimento embrionário por agentes teratogênicos, pois nos exames de raio-x não havia nenhum sinal que indicasse algum tipo de lesão posterior ao nascimento. Além disso, essas alterações não são fatais, mas podem interferir em seu modo de vida, como na sua locomoção, alimentação e autodefesa.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


Com esses relatos podemos perceber que muitos fatores podem intervir no desenvolvimento de um animal ainda em seu estágio de embrião. Nem todas as alterações morfológicas graves levam ao óbito após o nascimento, pois há animais que se adaptam a essas alterações e continuam a se desenvolver.




Bibliografia


VALDERRAMA-HERRERA, M.; KANAGUSUKU, K.; RAMÍREZ-AMARO, S. Morphological abnormalities in the Chilean Eagle ray Myliobatis chilensis (Myliobatiformes: Myliobatidae) off the Peruvian coast, Southeast Pacific. Universitas Scientiarum, v. 27, n. 3, p. 292-313, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.11144/Javeriana.SC273.mait. Acesso em: 15 out. 2023.


WOSNICK, N.; TAKATSUKA, V.; MELLO, A. E.; DIAS, J.; LUBITZ, N.; AZEVEDO, V. G. Embryonic malformations in an offspring of the shortnose guitarfish. Brazilian Journal of Oceanography, v. 67, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1679-87592019027306710. Acesso em: 15 out. 2023.


CHERVENKA, T. S.; SEMPREBOM, T. R.; MULLER, R. A.; PEIRÓ, D. F. Tubarões de duas cabeças: bicefalia em embriões. Revista Biologia Marinha de Divulgação Científica. Disponível em: https://www.bioicos.org.br/post/tubaroes-de-duas-cabecas-bicefalia-em-embrioes. Acesso em: 02 mar. 2024.

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3件のコメント


Ming Alisa
Ming Alisa
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