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Biomarcadores: avaliando a saúde de animais marinhos

Autores: Mariana Silvestre de Oliveira Donatilio, Raphaela A. Duarte Silveira e Filipe Guilherme R. C. Neves


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Equipe médica realizando o resgate de um golfinho. Fonte: International Fund for Animal Welfare/Pexels.



Os biomarcadores são usados para definir uma doença e determinar o tratamento que a equipe médica veterinária adotará. Eles podem ser definidos por alterações celulares e bioquímicas (enzimas que regulam o organismo e identificadas no exame de sangue) e moleculares (fluidos, células e/ou tecidos).


Além disso, há o estudo de bioindicadores ambientais que avaliam a saúde do ambiente, também relevantes para determinar medidas de preservação e recuperação ambiental.


Os biomarcadores são relevantes para alcançar maior eficácia na conservação ambiental. Esses biomarcadores auxiliam na restauração da saúde animal como também no entendimento dos problemas ambientais causadores do distúrbio, podendo criar possibilidades para resolver os efeitos nocivos no ambiente.



PRINCIPAIS BIOMARCADORES


Os biomarcadores que avaliam a saúde animal incluem, em sua maioria, os exames laboratoriais, cujo processo inclui a coleta de material biológico como sangue, urina, fezes, entre outros. A análise desses fluidos permite um diagnóstico preciso e o monitoramento da resposta ao tratamento, garantindo assim maior sucesso na reabilitação do animal e na manutenção da espécie no ambiente. Essa preservação da vida marinha, consequentemente, auxilia na saúde ambiental, já que os animais são parte essencial para o equilíbrio do meio ambiente marinho.


Os principais biomarcadores utilizados incluem as enzimas responsáveis pelo funcionamento dos rins e do fígado (indicam se há alguma intoxicação ou perda da função), o sangue, avaliado pelo hemograma, para identificar o nível de infecção e a taxa de glicose. Além disso, para manter a saúde dos animais marinhos resgatados são realizados diversos outros exames para definir se há ou não alterações devido a alterações no ambiente onde vivem.


Os biomarcadores químicos em peixes mais utilizados incluem aqueles que possam indicar alteração ambiental, como enzimas envolvidas na detoxificação de xenobióticos (enzimas que auxiliam na eliminação de substâncias estranhas), enzimas de biotransformação e de defesa antioxidante (como catalase, glutationa, vitamina C e E). Normalmente, estas são enzimas metabolizadas pelo fígado do animal.


Em animais encontrados mortos, tecidos são encaminhados para análise histopatológica (estudo microscópico dos tecidos e células), realização de ultrassonografia, coleta de fezes para análise de parasitas e outras secreções para realização de cultura microbiana e fúngica (avaliar presença de bactérias e fungos, respectivamente).


Diante disso, é fato que o médico veterinário possui grande importância na saúde dos animais marinhos. O profissional é crucial na coleta e determinação de biomarcadores. Essa análise auxilia no cuidado do animal. Ela também contribui para a conservação ambiental, pois pode revelar indícios de intoxicação ambiental, por exemplo.


Foto de um Tigre d’água pequeno entre as mãos de um homem.

Avaliação física de um tigre d’água. Fonte: International Fund for Animal Welfare/ Pexels.



BIOINDICADORES EM ESTUDOS DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL


​Os bioindicadores ambientais utilizados para avaliar a qualidade e a saúde dos ecossistemas marinhos incluem três diferentes tipos:


  • de exposição: indicam a presença de contaminantes no ambiente;

  • de efeito: avaliam as alterações nos animais que compõem o ambiente;

  • de susceptibilidade: indica a predisposição dos organismos a sofrer danos ambientais.


Na rotina de avaliação da saúde ambiental marinha, alguns bioindicadores são utilizados para indicar a presença de poluentes. Um exemplo são as metalotioneínas, proteínas que se ligam a metais pesados e permitem identificar a contaminação por esses elementos no ambiente. Outro marcador importante é a enzima citocromo P450, cuja atividade aumenta quando há exposição a hidrocarbonetos, como o petróleo, servindo como sinal de impacto químico nos organismos.


Além disso, alguns animais marinhos podem atuar como bioindicadores de suscetibilidade. Os moluscos, por exemplo, acumulam facilmente metais pesados e hidrocarbonetos em seus tecidos. Os peixes podem apresentar alterações hormonais associadas à presença de substâncias poluentes. Já algas e fitoplâncton são especialmente sensíveis a mudanças na qualidade da água, refletindo rapidamente desequilíbrios ambientais.


Mulher com luva azul segurando uma placa de Petri com uma alga no interior.

Análise laboratorial de bioindicador ambiental. Fonte: Chokniti Khongchum/Pexels.



Diante disso, a coleta de material, seja de água, algas ou animais, permite avaliar de que forma o ambiente está sendo impactado pela poluição. Também possibilita identificar quais substâncias estão alterando a saúde do ecossistema. Essas informações ajudam biólogos e outros profissionais a definir protocolos voltados ao restabelecimento do equilíbrio local.


O uso de biomarcadores na saúde animal é indispensável para o tratamento de animais marinhos. Apesar das limitações existentes no manejo e na coleta de amostras, não se deve descartar a realização de exames complementares nesses animais. Esses recursos são fundamentais para compreender e acompanhar o estado de saúde da fauna marinha.




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