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A extração de petróleo em águas profundas

Autores: Catarina Amazonas, Raphaela A. Duarte Silveira, Raphaela Alt Müller e Douglas F. Peiró


magem de plataforma de petróleo no Rio de Janeiro, Brasil.

Plataforma de petróleo no Rio de Janeiro, Brasil. Fonte: Emmaus Studio/Unsplash.



O QUE É MINERAÇÃO EM ÁGUAS PROFUNDAS


A mineração em águas profundas trata-se de uma indústria voltada à coleta de minerais do fundo do mar, geralmente abaixo de 1.000 metros. Seus defensores argumentam que esse tipo de mineração poderia contribuir com minerais essenciais para a transição energética (dos combustíveis fósseis para tecnologias mais limpas). Dentre esses minerais essenciais, podemos destacar níquel e cobalto (utilizados em baterias de alta performance de veículos elétricos), neodímio e disprósio (terras raras essenciais para a produção de ímãs permanentes em turbinas eólicas) e zinco (aplicado na produção de energia solar). Entretanto, este tipo de mineração está justamente baseada na extração de petróleo. O processo de extração de minerais é feito da seguinte forma:


  1. Bombeamento do sedimento para um navio;

  2. Descarte das águas residuais e detritos no oceano;

  3. Envio da lama para instalações de processamento em terra.


Atualmente, o petróleo é o mineral mais explorado no Brasil, sendo um grande protagonista do cenário energético global. Segundo a Agência Internacional de Energia (EIA), ele continuará sendo o protagonista até 2050. Da mesma forma, todos os anos surgem novas pesquisas e investimentos voltados à tecnologias de exploração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas. No entanto, esse tipo de exploração gera danos gravíssimos ao ecossistema marinho.


Imagem de plataforma de extração de petróleo.

Plataforma de extração de petróleo. Fonte: Zachary Theodore/Unsplash.



AMEAÇAS DA MINERAÇÃO


  • Aumento da turbidez da água;

  • Eutrofização (aumento da concentração de nutrientes na água, provocando surgimento excessivo de organismos como algas e cianobactérias);

  • Introdução de substâncias tóxicas;

  • Destruição de habitats;

  • Poluição sonora e luminosa (principalmente para baleias e outros cetáceos que dependem da sua ecolocalização para sobreviver);

  • Raspagem do solo do fundo do mar, danificando corais e ecossistemas como um todo.


O vazamento do petroleiro Exxon Valdez, por exemplo, foi um dos piores desastres ambientais da história dos Estados Unidos, e serve como explicação para os impactos que a mineração é capaz de provocar ao meio ambiente. Ocorrido em 1989, este acidente resultou no vazamento de aproximadamente 40 milhões de litros de petróleo no Oceano Pacífico. Decorrente disto, houve danos significativos à vida selvagem, ecossistemas marinhos e à economia local.


A partir desta tragédia, houve um impacto na conscientização pública sobre os perigos da exploração de petróleo, além da necessidade de regulamentações ambientais mais rigorosas.


Imagem de pássaros mortos em decorrência do vazamento de óleo de Exxon Valdez.

Aves mortas em decorrência do vazamento de óleo de Exxon Valdez. Fonte: Wikimedia Commons (CC0).



LIDERANÇA PELA CONSERVAÇÃO


No dia 14 de julho de 2023, durante a reunião da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), na Jamaica, o Brasil apoiou uma pausa preventiva de dez anos para a mineração em águas profundas, em prol da conservação do oceano, uma vez que ainda não há tecnologias o suficiente para se compreender todos os impactos da mineração em águas profundas, ou para se realizar essa atividade de forma sustentável.


Os ecossistemas costeiros e marinhos são essenciais para a conservação da biodiversidade como um todo, pois fornecem recursos, são fonte de pesquisas científicas e de renda, produzem oxigênio e realizam a regulação do clima. Por isso, a extração de petróleo, apesar do seu papel como fonte de energia global, deve ser controlada, através do monitoramento sobre áreas petrolíferas, da conscientização da sociedade e do desenvolvimento de fontes de energia mais sustentáveis.




Bibliografia


GOMES, A. S.; PALMA, J. J. C.; SILVA, C. G. Causas e consequências do impacto ambiental da exploração dos recursos minerais marinhos. Revista Brasileira de Geofísica, v. 18, n. 3, p. 447–454, 2000. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/exxon-valdez--um-dos-maiores-desastres-ecologicos-da-historia.phtml.


MILANI, E. J. et al. Petróleo na margem continental brasileira: geologia, exploração, resultados e perspectivas. Revista Brasileira de Geofísica, v. 18, n. 3, p. 352–396, 2000. Veja como funciona a ecolocalização – o sonar inerente da natureza. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2021/02/veja-como-funciona-a-ecolocalizacao-o-sonar-inerente-da-natureza.


PETERSON, C. H. et al. Long-term ecosystem response to the Exxon Valdez oil spill. Science, v. 302, n. 5653, p. 2082-2086, 2003. Disponível em: https://www.science.org/doi/abs/10.1126/science.1084282.

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