Autores: Ágatha Naiara Ninow, Luciana Fortuna Nunes, Juan Pablo Carnevale Sosa, Raphaela A. Duarte Silveira, Thais R. Semprebom, Mariana P. Haueisen e Douglas F. Peiró

O conhecimento adquirido com os estudos para efetivar as ações para conservação do meio ambiente. Fonte: Projeto Tartabinhas, 2019.
O ideal de ‘Ciência Cidadã’ permite que qualquer pessoa faça ciência, e que o cientista de formação acadêmica torne-se mais cidadão, pois ele pode atuar diretamente com as comunidades. Esse processo permite a aproximação entre a sociedade e a ciência, apresenta a importância da ciência no dia a dia das pessoas, auxilia no reconhecimento e na assimilação da mesma para a articulação de políticas públicas, utilizando dos resultados de pesquisas científicas para o retorno direto à população.
O projeto ‘Conhecer para Preservar’ é um exemplo de atuação da Ciência Cidadã e foi desenvolvido pelo Projeto Tartabinhas e aplicado para os alunos do terceiro ano do ensino médio da Escola de Educação Básica Maria Rita Flor, Bombinhas, Santa Catarina. Onde o objetivo foi inserir a Ciência Cidadã dentro de programas educacionais, buscando a multidisciplinaridade por meio da conexão dos assuntos abordados durante o desenvolvimento das atividades.
Este tipo de trabalho faz a conexão dos participantes com o ambiente marinho, apresentando como ferramenta uma das espécies que mais frequentam a região costeira do município, a tartaruga marinha Chelonia mydas (tartaruga-verde), uma espécie bandeira e de grande importância ecológica. Além disso, a espécie pode ser utilizada como exemplo de conexão entre os ecossistemas marinho e terrestre, enfatizando a importância de cada ser vivo na teia alimentar para o equilíbrio ecológico no planeta.

A espécie Chelonia mydas (tartaruga-verde) é frequentemente avistada em Bombinhas/SC. Na imagem acima, Tartabinhas de código CM045 - nomeada Anastásia, é uma das tartarugas monitoradas pelo Projeto Tartabinhas desde maio de 2019. Fonte: banco de dados do Projeto Tartabinhas ®.

Infográfico das quatro etapas da atividade continuada do Programa Conhecer para Preservar, do Projeto Tartabinhas.

Aulas teóricas que abordaram temas como a biologia e ciclo de vida das espécies de tartarugas marinhas, importância ecológica, ameaças de origem humana com ênfase na problemática do lixo marinho. Fonte: Projeto Tartabinhas, 2019.
Saída de campo com o objetivo de coletar o lixo nas praias e ambientes adjacentes. Os jovens puderam acompanhar e entender sobre a importância e como são realizados os métodos científicos para coleta de dados. A metodologia utilizada para a coleta foi inspirada no Curso de Basura Marina da ONU, tomando como modelo o “Transecto em Franja” desenvolvido pelo Programa Teach Wild, da Organização Earthwatch.

Coleta de lixo utilizando metodologia científica em praia arenosa e ambientes adjacentes. Os alunos foram estimulados a trabalhar em equipes, onde cada um era responsável por uma tarefa essencial para a coleta de dados em campo. Fonte: Projeto Tartabinhas, 2019.

Alunos analisando o material coletado em sala de aula com atenção. Onde também realizaram a separação dos tipos de microresíduos. Fonte: Projeto Tartabinhas. 2019.
O QUE FOI ENCONTRADO DURANTE A COLETA CIENTÍFICA?
Tabela 1. Qualidade e quantidade dos resíduos coletados nas saídas de campo de todas as turmas.

O microresíduo (menor que uma tampinha de garrafa PET) foi o mais coletado pelos alunos, o que pode estar ligado ao fato de não haver o recolhimento pelos garis durante as limpezas de praia habituais na região. Esses pequenos fragmentos podem ter passado pelos equipamentos utilizados ou não foram percebidos durante a limpeza manual. Foram coletadas 219 bitucas de cigarros, isso deve-se ao fato dos usuários da praia fazer o uso de cigarros e os descartam incorretamente no próprio local.
A partir da apresentação e contabilização dos resíduos coletados cada turma desenvolveu um modelo básico de FPEIR. Devido as bitucas de cigarro serem o resíduo mais coletado, a aplicação do modelo FPEIR foi baseada a esta problemática, levando os jovens a entender as raízes do problema e auxiliar nas tomadas de decisões para solução e/ou contenção perante as questões ambientais.
Tabela 2. Estrutura do modelo FPEIR, em negrito estão as questões mais levantadas pelos estudantes em cada segmento do modelo.