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Principais impactos antrópicos no ambiente marinho

Atualizado: 3 de ago. de 2022

Autores: Luane Rodrigues, Fernanda Cabral Jeronimo, Mariana P. Haueisen e Douglas F. Peiró



Fotografia de um leão-marinho no oceano com uma rede de pesca de tom verde enrolada em seu pescoço, é possível ver o início de alguns ferimentos.

Leão-marinho com uma rede de pesca preso ao seu pescoço. Fonte: Piqsels.



O oceano cobre mais de 70% da superfície terrestre, sendo um importante ecossistema com uma vasta biodiversidade e sensível a alterações ambientais. Segundo a IUCN (2020), mais de 76% das espécies marinhas possuem algum risco de extinção, sendo 7,4% classificadas como criticamente ameaçadas, em perigo ou vulneráveis à extinção.


Com o avanço do tempo e as transformações da sociedade, o impacto sobre a natureza aumentou drasticamente, gerando consequências negativas ao ambiente. Especificamente no ambiente marinho, listamos alguns dos impactos antrópicos mais relevantes.



ACIDIFICAÇÃO


A acidificação dos oceanos decorre da grande quantidade de emissões de gases na atmosfera. O pH dos oceanos diminuiu 30% em 250 anos, alterando o ciclo do carbono e aumentando a quantidade de íons de hidrogênio livres na água, o que intensifica a acidificação Consequentemente, o processo de calcificação realizado por alguns organismos foi alterado, impactando na produção de conchas e do exoesqueleto de alguns animais, como os corais.


O aumento da emissão de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera, pelas atividades antropogênicas, resultou em níveis 40% maiores de CO₂ no ambiente comparado ao período pré-industrial. O CO₂ presente na atmosfera é capturado pelos oceanos e, por meio de reações químicas, é absorvido por diversos organismos marinhos para a formação do carbonato de cálcio (CaCO3), utilizado na calcificação.


Os corais, após a sua morte, disponibilizam o carbonato de cálcio, responsável pela formação dos recifes dos corais. Suas belas cores são resultado da relação simbiótica com algas que, submetidas ao estresse, rompem a relação com os corais e expõem seu exoesqueleto. Esse fenômeno é conhecido como branqueamento de corais, agravado pelo calor e o processo de acidificação, colocando os recifes de corais como os primeiros ecossistemas em risco de desaparecer completamente.



Em primeiro plano, a fotografia mostra um coral em formato de galhos em tonalidade branca, indicando o branqueamento. Em segundo plano, outro coral da mesma espécie porém não branqueado, com a coloração mais escura. Acima dos corais e entre eles está passando um cardume de peixes e, ao fundo, o oceano.

Coral branqueado nas Ilhas Keppel - Austrália. Fonte: Acropora/Wikipedia (CC BY 3.0)



CAPTURA ACIDENTAL E SOBREPESCA


A sobrepesca e a captura acidental são ameaças que acontecem de forma associada. A superexploração do ambiente marinho para a obtenção de alimentos e outros recursos o afetam de forma drástica. Por exemplo, o arrastamento do assoalho oceânico, que pode quebrar um coral que demora milhares de anos para se regenerar, contribui para o empobrecimento da fauna aquática.


A captura acidental ocorre quando espécies ficam presas nas redes mas não são o alvo direto da captura, porque não possuem valor comercial. Sabe-se que 40% de toda pesca resulta em captura de espécies não-alvo. Além disso, os animais que respiram ar atmosférico, ao ficarem enredados, não retornam à superfície para respirar e morrem afogados ou podem sofrer lacerações severas, que dificultam sua alimentação e locomoção.


Os principais mamíferos marinhos atingidos são toninhas (Pontoporia blainvillei) e golfinhos como Sotalia guianensis, ameaçados de extinção atualmente. Pela relação complexa entre a fauna estuarina e o mar aberto, o efeito da pesca nos estuários pode ter grandes impactos nas espécies.



Fotografia de uma tartaruga marinha morta com o corpo todo preso a uma rede de pesca. Ela se encontra submersa com o casco voltado para baixo.

Tartaruga marinha morta presa a uma rede de pesca. Fonte: Salvatore Barbera/Wikimedia Commons (CC BY-SA 2.0).



MINERAÇÃO


Minerais como petróleo, enxofre, carvão mineral, entre outros, têm potencial para a exploração no Brasil. É também possível encontrar sedimentos metálicos em regiões profundas na margem continental, além de reservas de sambaquis e sedimentos calcários, os quais são formados por algas e estão presentes da costa do Pará até o Espírito Santo. No Brasil, o petróleo é o mineral mais explorado. Sua produção em campos submarinos foi responsável por 83% da produção nacional no ano 2000, segundo a Agência Nacional de Petróleo.


A mineração causa diversos impactos, como a areia e cascalhos que são extraídos para a construção civil, acabam sendo removidas juntamente algumas algas calcárias e conchas nas áreas continentais próximas à costa e no oceano. Assim, a pesca, o turismo e a saúde pública são afetadas.


No ambiente marinho são construídos túneis e galerias, para inserção de cabos, que produzem rejeitos que são armazenados nos continentes, modificando paisagens. Atividades realizadas para a extração de carvão, cobre, chumbo, zinco, alumínio e ferro causam impactos em locais distantes de onde foram originados, pois os materiais podem ser arrastados pelas marés.



Fotografia de uma plataforma de petróleo em Angra dos Reis. A estrutura é feita de concreto com uma grande torre central, a estrutura está colocada na água, mantida por quatro grandes pilares. Ao fundo se pode ver um arco-íris, o céu azul e algumas montanhas recobertas de vegetação em tonalidade verde claro.

Plataforma de extração de petróleo em manutenção em Angra dos Reis - RJ. Fonte: Glauco Umbelino/Flickr (CC BY 2.0)



POLUIÇÃO


Os oceanos são destino de grande parte dos mais diversos materiais poluentes, provenientes de diversos fatores, como falhas em sistemas de drenagem, dos rios, ocupações irregulares nas orlas da praia e poluição das mesmas. Para cada tonelada de resíduos plásticos jogados fora, 7 quilos acabam nos oceanos, sendo plásticos e restos de cigarros mais de 90% dos objetos coletados. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) indicou que 2 milhões de toneladas de resíduos produzidos no país vão parar nos oceanos todos os anos, quantidade suficiente para cobrir 7 mil campos de futebol.


Bóias utilizadas em redes de pesca, garrafas, embalagens, entre outros plásticos são fontes preocupantes para a poluição dos oceanos. Estima-se que 85% dos microplásticos são resultantes da pesca, que deixa aproximadamente 640 mil toneladas de materiais no ambiente marinho. Pelas características desse material, ele se dispersa pelo ambiente marinho e organismos aderidos ao microplástico se espalham, como invertebrados, peixes e algas, contribuindo para o estabelecimento de espécies exóticas, podendo se tornar invasoras em outros locais.



Fotografia da poluição presente na praia, é possível ver os mais diversos materiais de origem plástica, como garrafas, esponjas, pedaços de outros objetos, sacolas plásticas. Ao fundo se vê algumas casas e um farol com listras brancas e vermelhas.

Poluição na praia de Acra, no país de Gana. Fonte: Muntaka Chasant/Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0)



Sabendo que esses danos não atingem apenas as espécies marinhas, mas a vida da Terra como um todo, as ações de conservação devem focar nas principais ameaças, buscando aproximar a sociedade do ambiente marinho. O desenvolvimento de ações de educação ambiental, em espaços formais e informais, e a divulgação científica, como a que realizamos no Instituto Bióicos, são ferramentas que auxiliam a sensibilização e conscientização, permitindo que ações de conservação sejam tomadas.




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Bibliografia


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