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A importância das praias: cultura, atividades e preservação ambiental

Autores: Jessica Nunes, Filipe Guilherme Ramos Costa Neves e Raphaela A. Duarte Silveira


Retrato de uma paisagem de praia, onde, em primeiro plano, destaca-se a silhueta de um coqueiro. O céu começa a ganhar tons alaranjados e rosados, refletindo suas cores suaves sobre o mar calmo. Ao longo da faixa de areia, banhistas aproveitam os últimos momentos do dia. O mar exibe ondas suaves.

Fim de tarde na praia com a presença de banhistas, os quais desfrutam de um ambiente litorâneo, acessível e integrado à natureza, oferecendo uma sensação de renovação e bem-estar. Fonte: © Jessica Nunes, 2019.



Os litorais são espaços públicos fundamentais que promovem a integração social através do lazer, das práticas esportivas e da valorização do indivíduo. As praias desempenham um papel essencial no desenvolvimento econômico, especialmente para os vendedores informais, os quais dependem desse ambiente para suas práticas comerciais. Além disso, esses locais oferecem um refúgio para aqueles que buscam momentos de descanso e lazer, distantes das rotinas do trabalho, bem como para a prática de esportes como surf, kitesurf, vôlei de praia, entre outros. Outro aspecto relevante é a vegetação de restinga, adaptada aos solos arenosos e às influências marinhas. Essa vegetação oferece diversos serviços ecossistêmicos essenciais que serão abordados adiante.



ESPORTES E SAÚDE MENTAL


Nos últimos anos, a prática de exercícios físicos tem sido cada vez mais comum devido aos diversos benefícios associados a ela. Manter uma alimentação saudável e realizar atividades físicas de forma regular, como esportes, academia e caminhadas, estão relacionados à redução de problemas tanto físicos quanto de saúde mental. Estar em contato com a natureza também contribui para esse efeito positivo. A praia, por exemplo, é um ambiente que integra a natureza e oferece condições ideais para a prática de exercícios físicos.


A diversidade de esportes e atividades de lazer desenvolvidos ou adaptados para regiões litorâneas reflete um processo contínuo de reinvenção da praia e do ambiente marítimo como produtos sociais. Esportes como surf, vôlei de praia e outros podem ser praticados gratuitamente em áreas litorâneas, proporcionando uma sensação prazerosa a quem os pratica. Além disso, muitas dessas atividades, como o surfe, o futebol de areia, o vôlei de praia e a natação são acessíveis a todas as pessoas.


Colagem composta por três fotografias que capturam pessoas aproveitando o ambiente litorâneo para a prática de esportes e momentos de lazer. Na fotografia (A), observa-se uma garota em cima da prancha de surf com uma expressão de felicidade. Na fotografia (B), vê-se 7 pessoas com longas pranchas de surf pousando para a câmera. Na última foto (C), uma banhista está deitada na areia experimentando o sol na pele.

A conexão com o ambiente litorâneo se dá de diversas formas. (A) Uma menina experimenta a emoção de surfar pela primeira vez; (B) um grupo de surfistas se prepara para “pegar” as ondas; e (C) uma banhista relaxa ao sol. Fonte: (A), (B) e (C) cedidas gentilmente por © Lc.Marinho, 2024.



A PRAIA COMO ESPAÇO DE LAZER, SUSTENTO E SUSTENTABILIDADE


Para os moradores da cidade, a praia se apresenta como uma alternativa de lazer versátil, seja para encontrar amigos ou reunir-se com a família para aproveitar os quitutes oferecidos por vendedores ambulantes e quiosques. Esses trabalhadores, que produzem e oferecem uma variedade de alimentos, além de outros bens e serviços, fazem parte das estruturas socioprodutivas que enriquecem a experiência de viver o que a praia proporciona.


No estudo intitulado Praia: cultura, convivialidade e trabalho, os autores destacam que as pessoas preferem frequentar praias mais bonitas, limpas e com melhor qualidade da água, demonstrando que o ambiente litorâneo facilita uma convivência harmoniosa na sociedade. Isso promove a tolerância, o respeito e as trocas recíprocas entre seres humanos e a natureza.


Além disso, muitas pessoas dependem da praia para seu sustento. O artigo citado acima também relata que o comércio nas praias é um dos principais atrativos para os frequentadores, tornando-se um foco ideal para políticas públicas que busquem promover a sustentabilidade econômica, cultural, social e ecológica. No entanto, é fundamental que essas práticas sejam conduzidas com respeito ao ecossistema, pois o risco de degradação ambiental é significativo se não forem tomadas as devidas precauções.



OS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS DA RESTINGA


A praia oferece serviços ecossistêmicos valiosos para o planeta, em grande parte devido à presença da vegetação característica conhecida como restinga. Este tipo de vegetação é adaptado a condições ambientais adversas, como altas temperaturas, intensa luminosidade, solos pobres em nutrientes e baixa disponibilidade de água. Frequentemente ameaçada pela expansão urbana, a restinga abriga uma diversidade de plantas herbáceas e espécies lenhosas, funcionando como um ecossistema pioneiro que é influenciado por processos fluviais e marinhos.


Imagem de uma vegetação restinga destacando a flora rasteira e um caule lenhoso, com dunas ao fundo. A foto captura a diversidade e a resiliência do ecossistema litorâneo, mostrando a adaptação das plantas ao ambiente arenoso e à exposição ao vento.

Paisagem da vegetação de restinga, na praia de Marujá, estado de São Paulo. Fonte: Talita Oliveira/WikimediaCommons (CC BY-SA 4.0).



Por interagir de maneira direta com as condições oceânicas, essa vegetação atua como amortecedor dos impactos provocados pelas mudanças ambientais globais. Além disso, ela contribui para a estabilização dos manguezais e a fixação das partículas de areia das dunas, desempenhando importantes serviços ecossistêmicos, como a regulação climática e a polinização, que beneficiam os seres humanos de forma direta ou indireta. Os principais serviços ecossistêmicos associados à restinga incluem:


Provisão

Regulação

Suporte

Polinização: essencial para a reprodução de muitas plantas.


Produção natural de alimentos: como o coco para consumo.


Recursos ornamentais: utilizados para decoração e outros fins

Retenção de sedimentos: as raízes das plantas ajudam a prevenir a erosão e a sedimentação excessiva.


Recarga de aquíferos: a presença de formações geológicas permeáveis, como terraços arenosos marinhos, facilita a infiltração da água, abastecendo os aquíferos.

Reciclagem e assimilação de nutrientes: manguezais e outros elementos da restinga atuam como filtros naturais, absorvendo e reciclando poluentes através de seus solos argilosos.


Regulação climática: a localização geográfica, especialmente em ilhas, faz com que as áreas de restinga enfrentam variações climáticas significativas, e sua vegetação ajuda a mitigar esses efeitos.

Além desses serviços, a vegetação de restinga também contribui para atividades recreativas e de lazer, bem como para o ecoturismo, ampliando seu impacto positivo sobre a sociedade.



SUSTENTABILIDADE NAS PRAIAS

Em resumo, os ambientes litorâneos são cruciais para o lazer, a prática de esportes e o desenvolvimento econômico, além de oferecerem suporte cultural e social. A vegetação de restinga desempenha um papel vital ao fornecer serviços ecossistêmicos essenciais e contribuir para a estabilidade ambiental. A prática de atividades físicas nesses locais não só melhora a saúde mental, mas também é acessível a uma gama de pessoas. É fundamental que o uso dessas áreas seja feito de forma sustentável para preservar seus benefícios para as futuras gerações. Políticas públicas devem equilibrar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental, garantindo a continuidade do valor cultural e ecológico das praias.




Bibliografia


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LOIOLA, E.; MIGUEZ, P. Praia: cultura, convivialidade e trabalho. Revista Eptic Online, v.15 n.1 p.176-196, 2013. Disponível em: https://ufs.emnuvens.com.br/eptic/article/view/712/588. Acesso em: 1 de set. de 2024.


PAIVA, B. H. I.; ALMEIDA JR, E. B. Diversidade, análise estrutural e serviços ecossistêmicos da vegetação lenhosa da restinga da praia da guia, São Luís, Maranhão. Revista Biodiversidade, [s. l.], 2020, v. 19, ed. 2, p. 46-60, 2017. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/biodiversidade/article/view/10412. Acesso em: 1 de set. de 2024.


PEREIRA, A. Q.; DANTAS, E. W. Dos banhos de mar aos esportes nas zonas de praia e no mar. Sociedade & Natureza, v. 31, n. 1, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.14393/SN-v31-n1-2019-46981. Acesso em: 1 de set. de 2024.

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