Autores: Amanda C. Jerônimo; Mariana P. Haueisen; Thais R. Semprebom e Douglas F. Peiró

Coral branqueado de ramificação (Acropora sp.) na Ilha Heron, Austrália: grande recife de coral. Fonte: J. Roff/Wikimedia Commons (CC-BY-SA 3.0).
CORAIS: PLANTA, MINERAL OU ANIMAL?
Apesar de serem confundidos com plantas ou “pedras coloridas”, os corais são animais invertebrados pertencentes a um grupo de animais chamado Cnidaria. As anêmonas-do-mar e as águas-vivas também fazem parte deste grupo.
Cnidaria (ou cnidários) é um filo do reino Animalia que agrupa animais aquáticos multicelulares de estrutura simples. Possuem apenas uma boca e um estômago simples. No caso dos corais são organismos que não possuem locomoção e estão localizados no substrato do mar.
Existem pelo menos dois tipos de corais. Os que formam os recifes são conhecidos como corais duros (ou hard corals), que extraem carbonato de cálcio da água do mar, formando exoesqueletos de calcário. Outro tipo conhecido são os corais moles (ou soft corals), que são flexíveis e se assemelham à morfologia de algumas plantas.

Foto do lado esquerdo: coral marrom. Fonte: Derek Keats/Wikimedia Commons (CC-BY 2.0). Foto do lado direito: coral de luva. Fonte: PollyDot/Pixabay (CC0).
Tanto os corais duros quanto os corais moles são formados por estruturas chamadas pólipos. Um pólipo é uma estrutura cilíndrica que adere a uma superfície por uma de suas extremidades. Na outra extremidade situam-se a boca e os tentáculos, que têm como função capturar os alimentos. Os corais são formados por uma colônia de pólipos.

Anatomia de um pólipo. Fonte: Adaptado de NOAA/MarkusZi/Wikimedia Commons (CC0).
BRANQUEAMENTO
Os corais têm uma relação de mutualismo com algas Zooxantela, que vivem dentro dos pólipos. Estes garantem abrigo, segurança e dióxido de carbono, enquanto as algas realizam a fotossíntese, fornecendo energia e colaborando com as cores dos corais.
Quando ocorre a perda do mutualismo e/ou se tem a redução ou perda do pigmento fotossintético gerado pelas algas, ocorre o processo de branqueamento dos corais. Eles passam a apresentar um aspecto pálido devido à exposição do exoesqueleto calcário que está sem pigmentação.

Mergulhador pesquisador estudando o branqueamento de coral no Havaí. Fonte: Caitlin Seaview Survey/Wikimedia Commons (CC0).

Grande barreira de coral no processo de branqueamento, na Austrália. Fonte: Jay Galvin/Wikimedia Commons (CC-BY-2.0).
Existem inúmeras causas que levam a esse processo de branqueamento. Ele pode ocorrer tanto por causas ecológicas quanto antrópicas, mas já é de conhecimento geral que a principal causa é devido à interferência humana.
O branqueamento ocorre quando o coral está passando por um processo de estresse e acredita-se que este é um mecanismo de adaptação, de forma que o coral crie uma resistência ao fator estressante.
Temperatura e radiação solar
Existem corais que vivem tanto em águas frias quanto em águas mais quentes. Por serem animais extremamente sensíveis, a pequena diferença de temperatura já pode começar a estimular o branqueamento.
Exposição subaérea e sedimentos
A exposição subaérea ocorre quando os corais são expostos a materiais e partículas formadas no continente. Normalmente este evento ocorre quando se têm marés extremamente baixas, reduções extremas do nível do mar ou elevação tectônica.
Produtos de cuidados pessoais
Estudos apontam que produtos de beleza e cuidados pessoais, tais como protetores solares, possuem químicos que podem se acumular em áreas onde há um grande número de banhistas. Esses químicos podem causar infecções, fazendo com que os corais fiquem doentes e, consequentemente, tenham uma queda de imunidade.
REABILITAÇÃO DOS CORAIS
Um coral pode se recuperar do processo de branqueamento se os fatores estressantes forem eliminados ou estabilizados. Contudo, se esses fatores permanecem, o estresse pode se tornar crônico, deixando o coral com aspecto pálido e vulnerável para doenças secundárias.
Na maior parte das vezes, após o processo de branqueamento, o dano é permanente e não é possível que os corais se recuperem. Levaria décadas para um coral se recuperar completamente, pois a maior parte dos fatores estressantes não ocorre apenas em um período de tempo: são recorrentes ou permanentes, fazendo com que os corais nunca tenham u