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Sobrevivência em campo: você está preparado?

Atualizado: 3 de out. de 2022


Autores: Mariana P. Haueisen, Thais R. Semprebom, Raphaela A. Duarte Silveira e Douglas F. Peiró



Foto de professor e alunos em curso de Biologia Marinha do projeto Bióicos antes de iniciar uma trilha em área de Mata Atlântica com mar à direita e montanhas ao fundo. Os alunos estão voltados para o professor, que passa instruções.

É importante andar em, no mínimo, três pessoas em uma trilha. Fonte: Projeto Bióicos, 2018 ©.



Em uma saída de campo de uma disciplina de Ciências Biológicas, os alunos, junto ao responsável pela atividade, estavam em uma trilha em área de Mata Atlântica com o objetivo de estudarem mais as dinâmicas deste bioma. No entanto, o responsável pelos alunos não tinha noções básicas sobre condução de pessoas em uma trilha, deixando os mais rápidos irem na frente e pessoas mais lentas para trás.


Assim, a fila de pessoas foi se dispersando. Maria reparou que estava ficando para trás, então chamou dois amigos, Arthur e Fabiana, para que ficassem perto dela por precaução. Ela sabia que sempre é importante andar em no mínimo três pessoas, pois, caso uma se machuque, alguém permanece com a pessoa debilitada enquanto o terceiro busca ajuda.


Enquanto caminhavam, distraíram-se nas conversas e não avistaram ninguém por perto. Arthur sugeriu que seguissem o caminho da trilha, pois provavelmente no final dela encontrariam o restante do grupo. Contudo, de repente, depararam-se com uma parte da trilha que não estava bem demarcada, com vários caminhos possíveis. Nesta hora concluíram que realmente estavam perdidos!


Fabiana começou a gritar pedindo por socorro para ver se alguém os ouvia e viesse ajudá-los, mas logo cansou. A mochila de Maria trazia um apito e ela começou a apitar. Ter um apito é importante em situações de socorro, pois não conseguimos gritar por muito tempo, mas conseguimos soprar o apito por um tempo maior. Além disso, o som que ele propaga é mais alto que a nossa voz. Sendo assim, ele é mais eficiente.



Fotografia de apito de ferro centralizado com fundo cinza.

Para pedir por ajuda, um item importante em seu kit de sobrevivência é o apito. Fonte: bluebudgie/Pixabay (Domínio Público).



Ouviram alguém se aproximando na mata. Era Pedro. Ele disse que também tinha ficado perdido e, graças ao apito, identificou o grupo da Maria. Então o uso do apito deu certo! Apesar disso, as outras pessoas deveriam estar mais distantes e não conseguiram ouvir. Os meninos resolveram então ficar parados ali, alguma hora o responsável pela saída de campo iria perceber a falta de alunos e buscar por ajuda. Por isso, é sempre importante avisar outras pessoas quando for a uma saída de campo, pois, caso algo aconteça, pessoas avisadas vão sentir sua falta e buscar por ajuda.


Foram ficando com sede, mas a água de suas garrafinhas já tinha acabado. Resolveram então buscar por água enquanto ainda era dia. Felizmente, a poucos metros do caminho da trilha onde estavam, ouviram som de água corrente. Era um rio. Pedro se aproximou das margens e logo colocou a mão para carregar a água e beber. Maria bateu em sua mão para que a água caísse. Pedro a olhou sem entender o que tinha acontecido e logo ela explicou que não podemos beber a água antes de tratá-la, a fim de evitar contaminação. Por isso, Maria carregava uma caneca de alumínio que poderia ir ao fogo para ferver a água.


Pedro encheu a caneca de água e logo se direcionaram de volta à trilha para que fizessem uma fogueira. Maria, sempre com todos os itens necessários, já carregava uma pederneira, um isqueiro e fósforos. Entretanto, não bastava ter uma fonte de calor, deveriam ter algo para ser queimado também. Fabiana tinha visto vários programas de sobrevivência na televisão e lembrou de ver os artistas juntando folhas no chão para pegar fogo. Ela juntou rapidamente várias folhas e gravetos e tentou acender o fogo junto com Pedro, mas não deu certo. O erro foi que eles não selecionaram os itens ideais e não sabiam os princípios básicos da construção de uma fogueira.


Não basta ter assistido a programas de sobrevivência que passam na televisão. Eles são muito legais e podem trazer uma teoria bem fundamentada. Contudo, só se aprende sobrevivência na prática, quando se está realmente em uma situação de perigo, mesmo que seja em alguma situação de simulação com o intuito de aprendizado. Maria, por exemplo, já tinha feito diversos cursos de sobrevivência, por isso era tão experiente.



Fotografia de uma fogueira com fogo vermelho-alaranjado aceso atrás de pedras grandes. No fundo, é possível ver um curso d'água, mata ciliar e o céu azul-arroxeado. Há a silhueta de duas árvores, uma de cada lado da imagem.

Para fazer uma fogueira é preciso de um combustível, um comburente e de uma temperatura de ignição. Fonte: Bastien Hervé/Unsplash (Domínio Público).



Arthur já tinha feito fogueiras várias vezes no grupo de escoteiros que participava há algum tempo. Então começou a explicar aos seus amigos o modo certo de fazê-la. O fogo é constituído de três elementos básicos: o combustível, o comburente e a temperatura de ignição. O combustível é o material que vai se incendiar. O comburente é o meio no qual o fogo vai existir (oxigênio). A temperatura de ignição será produzida a partir de uma faísca para que se inicie o fogo.


Arthur escolheu um local apropriado para que o fogo não se propague. Isto é extremamente importante para a segurança, não só dos indivíduos envolvidos na construção da fogueira, mas também para a segurança de toda a fauna e flora local. Ele limpou o local, tirando folhas caídas e gravetos, e criou uma contenção contra o vento com pedras e troncos grandes e úmidos, muito frequentes nesta região de Mata Atlântica. Essa contenção é importante para que o vento não apague o fogo ou leve as brasas para outro local.


Arthur pediu, então, para que os amigos procurassem o combustível, isto é, a lenha. O combustível ideal para a situação é lenha seca de diâmetros diferentes, geralmente encontrada distante do solo, que geralmente concentra umidade. Os gravetos mais finos são usados primeiro, para depois ir acrescentando os de diâmetros maiores.


Fabiana perguntou se com a lenha já estavam prontos então para começar a fazer fogo. Mas não, Arthur disse que faltava a isca de fogo. Acharam uma palha de coqueiro seca e raízes secas, que poderiam servir de isca. Esses materiais servem para pegar a primeira faísca da pederneira, iniciando a queima dos outros gravetos.


Mãos de uma pessoa à esquerda da foto fazendo fogo com uma faca e uma pederneira. No centro da imagem há um pequeno monte de fibras de taboca (semelhante a bambu). No fundo, é possível visualizar grama, pedras e árvores.

Pode-se utilizar o dorso de uma faca para gerar faísca com a pederneira. Fonte: Sobrevivencialismo/YouTube.



Maria usou sua pederneira para acender o fogo e Pedro o soprou de maneira constante para inserir mais oxigênio. Fabiana e Arthur foram dispondo os gravetos dos tamanhos menores para os maiores de forma organizada à medida que o fogo aumentava. Depois de alguns minutos a fogueira estava pronta! Ferveram a água e, depois que esfriou, puderam bebê-la. Não apagaram a fogueira, foram controlando-a com o passar do tempo.


Além da sede que estavam, também tinham fome. Maria carregava uma fonte de energia muito boa para levar para campo: castanhas e rapadura. Dividiu seu alimento com os amigos, mas não comeram tudo, afinal, não sabiam quanto tempo iriam passar alí.


Começou a escurecer e a esfriar. Mesmo sendo uma saída de campo de poucas horas e em um horário de sol quente, Maria levou um casaco, pois em uma situação de sobrevivência é importante ter uma cobertura: pode ser qualquer objeto com o qual se possa cobrir, como roupas de frio e toalhas É importante, também, ter cordas. Maria emprestou seu casaco para Fabiana, que sentia mais frio, e todos sentaram no chão bem perto para se aquecerem enquanto esperavam pelo resgate.


Poucas horas depois, ouviram um barulho de pessoas andando na mata. Maria apitou mais uma vez para que as pessoas ouvissem o som. Essas pessoas ouviram o barulho e se aproximaram: era o responsável pela saída de campo juntamente com o mateiro da região. Finalmente a ajuda tinha chegado. Felizmente não tiveram que passar a noite perdidos, mas é sempre bom estar preparado para qualquer situação.


A situação acima é meramente hipotética, mas ilustra muito bem a necessidade de sabermos nos comportar e principalmente nos preparar para uma situação de saída de campo, trabalho ou simplesmente uma trilha ou acampamento selvagem. O Projeto Bióicos oferece cursos de sobrevivência em campo, então fique atento para expandir cada vez mais seu lado de sobrevivente.


O que você precisa levar para ter o mínimo de segurança em campo?


Assista nossa video-aula sobre segurança e sobrevivência em campo. Tema 1: Equipamentos. Nela o Prof. Douglas Peiró segue a metodologia dos 5 sistemas (5 Cs) de equipamentos de segurança em campo definidos por Dave Canterbury (integrante original do 'Desafio em Dose Dupla' - Discovery Channel). Além de outros equipamentos que consideramos essenciais para levar consigo. https://www.youtube.com/watch?v=22XsmVBV5Kc


Para saber mais sobre 'Dicas de Segurança em Trilhas', leia o artigo dos nossos parceiros do 'Curiosidades de Ubatuba': https://goo.gl/DKgpk9



Escute este artigo também pelo nosso Podcast. Clique aqui!


Bibliografia


Sobrevivencialismo. Como fazer uma fogueira: o guia completo. Sobreviva Ep. 01. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gAOpmKcFtdg>. Acesso em: 01 de dezembro, 2019.



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Responsável: prof. Dr. Douglas F. Peiró

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