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O desafio da sobrevivência das tartarugas marinhas

Atualizado: 7 de set. de 2020

Autores: Marcus Farah, Thais R. Semprebom, Julia R. Salmazo e Douglas F. Peiró


Foto de uma tartaruga verde nadando no oceano. Na foto vemos a cabeçam, parte do casco e a nadadeira esquerda com uma anilha. A água do oceano está com uma coloração marrom acinzentado.

Tartaruga-verde (Chelonia mydas) juvenil retornando ao mar após ser capturada por uma rede de pesca. Fonte: Marcus Farah, 2017 ©.



Você sabia que tartarugas marinhas são verdadeiras sobreviventes? Elas enfrentam inúmeros desafios desde o momento em que nascem. E as que chegam à idade adulta, podem realmente ser consideradas vencedoras!


As tartarugas marinhas são animais que vivem muito tempo, podendo chegar a viver aproximadamente 100 anos. Porém, são muito poucas, entre as tantas que nascem, que conseguem chegar à fase adulta. Isso porque durante o seu ciclo de vida, enfrentam muitos perigos e ameaças.


Quando chega a época da reprodução, que ocorre nos meses mais quentes do ano, as fêmeas adultas migram para as áreas de desova. Chegando à praia, esperam o anoitecer para, então, sair do mar pela primeira vez desde o dia em que nasceram, e fazer seus ninhos. Elas rastejam pela areia até depois da linha da maré mais alta, escolhem um local adequado e cavam o que é chamado de “cama”. Feita a cama, cavam um ninho, botam seus ovos e retornam ao mar. Um ninho tem em média 120 ovos e cada fêmea realiza de 3 a 13 desovas por temporada, variando de espécie para espécie. O desafio da sobrevivência das tartarugas marinhas já começa quando elas ainda estão nos ovos, pois mesmo enterrados a meio metro de profundidade, ainda podem ser pegos por predadores que os farejam.


Cerca de 45 a 60 dias depois da postura, os ovos eclodem e os filhotes nascem já independentes. A saída do ninho geralmente ocorre à noite, estimulada pelo resfriamento da areia. Um recém-nascido ajuda o outro, em um movimento sincronizado, escalando o ninho até alcançarem a superfície para, então, emergirem juntos e, guiados pela luz da Lua, irem em direção à imensidão azul. Esse caminho até o mar é muito perigoso, pois os filhotes são muito pequenos, medindo entre 3,5 e 4 cm, e podem ser predados por diversos animais, como caranguejos, aves e pequenos mamíferos.



A foto mostra três tartarugas filhotes indo em direção ao mar. Uma ainda está na areia, a outra está com metade do corpo na areia e a outra metade na água e a terceira está dentro da água.

Filhotes de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) indo para o mar. Fonte: Marcus Farah, 2016 ©.



A foto mostra um filhotes de tartaruga com coloração preta em um substrato de areia.

Filhote recém-nascido de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) indo em direção ao mar. Fonte: Marcus Farah, 2016 ©.



E o perigo não passa quando chegam ao mar, pois lá ainda existem muitos predadores. O desafio da sobrevivência só está começando: apenas 1 ou 2 em cada 1000 filhotes vão chegar até a fase adulta.


Aqueles que conseguem chegar até o mar, nadam vigorosamente para depois da arrebentação, afastando-se rapidamente da costa, diminuindo a possibilidade de serem predados por peixes costeiros e aumentando suas chances de sobrevivência. Os filhotes nadam até atingirem zonas de convergência de correntes, que formam aglomerados de algas e matéria orgânica flutuante. Nesses locais, eles encontram alimento e proteção por vários anos, até chegarem à idade juvenil.


Algumas espécies podem viver em oceano aberto por toda a sua vida, como a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Outras, ao atingirem a fase juvenil, vão para as áreas de alimentação em regiões costeiras ou próximas a ilhas oceânicas, alimentando-se de algas e pequenos animais marinhos.



A foto mostra uma tartaruga de pente com uma coloração de casco vermelha e preta. Ela está nadando e no fundo vemos o substrato de areia.

A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) possui uma dieta especializada em esponjas e cnidários, como anêmonas. Fonte: Projeto Tamar ©.



A partir desse momento, as tartarugas ficam mais suscetíveis a serem capturadas pela pesca costeira, porque podem ficar presas nas redes e anzóis dos pescadores, correndo risco de morrer afogadas. Apesar da intenção dos pescadores não ser de capturar as tartarugas, até porque seu abate é proibido por lei, esses incidentes acontecem e muitas tartarugas acabam morrendo. Mesmo aquelas que vivem na zona pelágica também sofrem com esse problema, principalmente por causa da pesca do espinhel oceânico.


Outro problema que as tartarugas marinhas enfrentam, como resultado da ação antrópica, é a poluição dos mares, principalmente por causa do lixo plástico. Objetos como sacolas e garrafas podem ser confundidos com alimento e ingeridos pelas tartarugas, que acabam morrendo.


A pesca incidental das tartarugas e a poluição dos oceanos são dois dos principais problemas enfrentados, entre muitos, não só por estes, mas por todos os animais marinhos, por conta das ações humanas. Além disso, as tartarugas ainda têm que enfrentar muitos predadores e doenças naturais até atingirem a idade adulta.


Uma tartaruga é considerada adulta quando alcança a maturidade sexual, cuja idade varia, dependendo da espécie. No geral, a maturidade sexual das tartarugas é considerada tardia, sendo atingida por volta dos 20 a 30 anos de vida. Nessa ocasião, as fêmeas e os machos sobreviventes se encontram nas áreas de reprodução para acasalar. Em seguida, o macho segue seu caminho pelo mar, retornando para as áreas de alimentação e a fêmea volta à mesma praia em que nasceu para depositar seus ovos e dar início a um novo ciclo.


O ser humano interfere diretamente na vida desses animais, e para que possamos mudar isso, cada um deve fazer a sua parte, gerenciando seu lixo e sua forma de consumo, e cobrando as autoridades responsáveis.



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Bibliografia


ICMBio. Plano de Ação Nacional para Conservação das Tartarugas Marinhas. 2011. (Espécies Ameaçadas, nº 25).


PROJETO TAMAR. Disponível em: <http://www.tamar.org.br/index.php>. Acesso em: 14 jan. 2018.



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