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Conhecendo ecossistemas: delta estuarino, lagunas, lagoas e restingas

Atualizado: 3 de set. de 2021

Autores: Lucas Rodrigues da Silva, Mariana P. Haueisen, Thais R. Semprebom e Douglas Peiró



A fotografia mostra uma Laguna sendo vista por sua margem. As margens da lagoas são constituídas por vegetação esverdeada e pode-se observar interferência antrópica. O céu é azul com nuvens.

Vista da Laguna de Itaipu, Niterói/RJ. Fonte: Lucas Rodrigues, 2019 ©.



ECOSSISTEMAS DA ZONA COSTEIRA BRASILEIRA


Por conta da longa extensão do Brasil e diferentes características de cada região da costa, a zona costeira brasileira contém habitats e ecossistemas distintos. Na região norte do país, os ecossistemas costeiros predominantes são estuários de rios (como do Rio Amazonas) e planícies lamosas. Na costa do nordeste, são predominantes os ecossistemas de dunas, estuários com manguezais, deltas-estuarinos de rios e recifes de franja. Já no sudeste-sul, encontramos estuários de rios, baías estuarinas e, especialmente, as lagunas costeiras. Costões rochosos e praias arenosas também são considerados ecossistemas costeiros que podem ser encontrados em toda a costa.



O QUE É UM ESTUÁRIO?


Estuários são ambientes de transição entre o rio e o mar. São encontrados próximos aos oceanos, ao redor de todo o planeta, podendo variar na origem, tamanho e tipo. Exemplos deste ecossistema são: lagunas, baías, lagoas e deltas. Os manguezais são ecossistemas associados diretamente com os estuários. Porém, todos eles vão compartilhar uma principal característica: mistura de água doce com água salgada, o que proporciona um ambiente rico em vida.



O QUE É UM DELTA ESTUARINO?


É chamado de delta o ambiente estuarino localizado na porção final de um rio (foz). A sua formação acontece com o acúmulo de sedimento (trazidos pelo rio durante todo o ano) em uma região geralmente próxima ao mar, onde o rio perde sua força e se ramifica. O nome delta está relacionado com o seu formato triangular, muito parecido com a letra grega delta (Δ). Um delta-estuarino é ligeiramente diferente: eles possuem áreas de depósitos sedimentares dentro e fora da desembocadura dos rios.



A imagem mostra uma fotografia por satélite do Rio Nilo. Há um destaque em forma triangular na imagem evidenciando o delta na porção final do rio.

Representação de um delta. Na imagem, o Rio Nilo (coloração esverdeada) indo para o mar e, em destaque, sua desembocadura em formato de delta, uma região onde os sedimentos carregados ficam depositados. Fonte: Google Earth Pro, 2020.



LAGUNAS E LAGOAS COSTEIRAS


Lagunas são porções de água paralelas à região costeira, onde são protegidas por uma faixa de areia em forma de barreira (normalmente ocorre a presença do ecossistema de restinga), mais frequentemente encontradas na região sudeste e sul do Brasil. Possuem pouca movimentação e profundidade relativamente baixa.



Na fotografia, vemos uma equipe de 5 pesquisadores realizando uma coleta de zooplâncton na maré vazante, utilizando uma rede de plâncton, que tem formato de uma peneira profunda em um canal. Os pesquisadores estão com água até os joelhos. Ao fundo observa-se a beira do rio com rochas acinzentadas, vegetação arbustiva esverdeada e, por fim, o céu azul com nuvens.

Coleta de zooplâncton na maré vazante (água saindo da lagoa), realizada por alunos, professores e colaboradores da Faculdade Maria Thereza, na Lagoa de Itaipu, em Niterói/RJ. A coloração turva é característica da quantidade elevada de material orgânico (esgoto doméstico, ligação com outra lagoa) depositado na lagoa. Fonte: Lucas Rodrigues, 2019 ©.



As lagunas podem ser ligadas ao mar por canais ou até mesmo subterraneamente. A salinidade da água pode variar de acordo com a chuva (descarga de água doce), taxa de evaporação (aumento da salinidade) e depende do horário do dia, por conta da maré. Com uma maré enchente, a água do mar tende a entrar na laguna, fazendo com que a água se torne mais salgada. Já em uma maré vazante, a água da laguna tende a ir para o mar, tornando a água salobra. Unidos a este ecossistema, também devem-se considerar os lagos costeiros. Diferente das lagunas, os lagos costeiros tiveram seus canais de ligação com o mar fechados e, consequentemente, possuem uma salinidade baixa e biodiversidade própria.



RESTINGA


O nome “restinga” é dado para comunidades vegetais que se desenvolvem sob influência do mar em cordões arenosos, praias e dunas de nosso litoral. As restingas são um exemplo de ecossistema costeiro extremamente frágil da Mata Atlântica, com vegetação majoritariamente rasteira.


Agrupam diversas comunidades vegetais (arbustos, subarbustos, árvores) e conseguem suportar condições adversas: além de ventos intensos e luz solar direta, o solo é instável, com pouca capacidade de reter água, pobre em nutrientes e extremamente salgado. Apesar de ser um ecossistema frágil, esta vegetação proporciona um ambiente de extrema importância para a preservação de rios, (atuando contra processos erosivos na margem), disponibilidade de alimento, abrigo e local para nidificação para fauna local e migratória.



Em primeiro plano, uma vegetação rasteira denominada de restinga sob uma faixa de areia. Ao fundo, pode-se observar montanhas e o céu azul.

Restinga de Itaipu, Niterói/RJ. Fonte: Lucas Rodrigues, 2019 ©.



PRINCIPAIS AMEAÇAS


Restingas, lagunas e lagoas podem ter um problema em comum: a especulação imobiliária. Construções acabam se tornando atraentes por estarem próximas ao mar, como mostra a primeira imagem, onde é notável o contraste dos barcos de pesca artesanal e prédios residenciais. Isso torna as pesquisas nesses ambientes de extrema necessidade, pois com elas, podemos indicar a importância desses ecossistemas, na preservação de espécies endêmicas, suas relações ecológicas e reduzir, com o auxílio dos resultados desses estudos, possíveis construções que podem impactar de grande forma esses locais.



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