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Polvo: um animal, sete maravilhas

Atualizado: 7 de set. de 2020

Autores: Laís Neves, Julia R. Salmazo, Thais R. Semprebom, Regiane Dall’Aqua e Douglas F. Peiró


Imagem mostra um polvo com coloração bege e marrom, e em seus tentáculos certa coloração azul. Este polvo está dentro de uma concha e ambos estão no substrato.

Pequeno polvo abrigado em uma concha. Fonte: Nick Hobgood/WikimediaCommons (CC BY-SA 3.0).



OS POLVOS E SUAS INCRÍVEIS HABILIDADES


Os polvos são as criaturas marinhas mais impressionantes e habilidosas já encontradas. Costumam se abrigar em fendas nas rochas ou construir sua própria toca, com pequenas conchas e cascalhos que encontram no mar. Pertencem à classe Cephalopoda (cephalo = cabeça; poda = pés) e à ordem Octopoda (octo = oito; poda= pés), que indicam as principais características desses animais: ter oito pés, que estão ligados à cabeça, ao redor de sua boca. Eles também não possuem esqueleto, por isso fazem parte do filo Mollusca (molluscus = mole).


Ilustração apontando a cabeça, o olho, o sifão, a boca, as ventosas e os braços do polvo.

Desenho esquemático mostrando a morfologia externa do polvo. Fonte: modificado de Karlis Kalviškis/WikimediaCommons (CC BY-SA 4.0).



Os polvos utilizam seus braços para se locomover e capturar suas presas, pois são animais predadores e se alimentam principalmente de pequenos peixes, crustáceos e outros invertebrados. Seus braços são dotados de uma série de ventosas muito sensíveis ao toque. Cada ventosa possui pequenos quimiorreceptores que conseguem captar moléculas minúsculas do ambiente marinho e levar a informação até seus gânglios cerebrais. Dessa forma, é como se o animal sentisse o gosto dos objetos e locais que toca.


Além disso, os polvos têm a capacidade de autotomia dos seus membros, ou seja, conseguem “soltar” seus braços quando se sentem ameaçados, distraindo o predador enquanto fogem, semelhante ao que as lagartixas fazem com suas caudas. O local logo se regenera e o molusco volta a ter um novo braço. Incrível, não é mesmo? Mas não para por aí!


Os polvos possuem um incrível raciocínio lógico, grau de consciência e são capazes de traçar planos. Mergulhadores observaram um polvo carregando pequenas pedras até a sua toca e construindo uma espécie de barreira. Posteriormente, o animal saiu para caçar e voltou com um pequeno caranguejo, o qual ficou aprisionado no interior da toca, visto que as pedras bloquearam a saída do crustáceo, impedindo sua fuga. O polvo, então, pôde devorar o animal com mais calma e segurança, pois estava protegido em seu abrigo, sem chances da comida ir embora. Muito esperto!


Polvo de coloração avermelhada visto de baixo, mostrando as suas ventosas de cor branca.

Polvo exibindo as ventosas de seus braços. Ao centro dos braços, abaixo da cabeça encontra-se sua boca. Fonte: damn_unique/Flickr (CC BY-SA 2.0).



Outro truque fantástico para despistar predadores é a sua capacidade de liberar uma densa nuvem de tinta preta na água. A coloração enegrecida da tinta se dá por moléculas de melanina (o mesmo pigmento que dá cor à nossa pele, olhos e cabelos, mas em concentrações diferentes da tinta do polvo), que são produzidas por glândulas e armazenadas em um saco no corpo do molusco. Quando ameaçado, ele libera a tinta e nada para o lado oposto de onde a liberou, para que o predador não veja a sua fuga. A tinta funciona como um anestésico para seus predadores, impedindo que eles rastreiem seu cheiro.


Os polvos costumam ser solitários durante a vida e só procuram um parceiro em época de reprodução. A fêmea libera hormônios na água para atrair o macho. O macho possui um dos seus braços modificados, chamado hectocótilo, que serve apenas para reprodução. Os rituais de acasalamento costumam ter marcantes mudanças de cores dos indivíduos, para sinalizar a outros machos que a fêmea já encontrou um parceiro. Após o acasalamento, a fêmea deposita cerca de 150 mil ovos em uma toca e os protege por cerca de dois meses. Esse comportamento é chamado de “cuidado parental”. Durante esse período, ela não sai para se alimentar e morre de fome logo depois que os ovos eclodem.



Mamãe polvo cuidando de seus ovos. Durante esse período, ela não se alimenta e morre logo após os ovos eclodirem. Fonte: Christianreno/WikimediaCommons (CC BY-SA 4.0).



MAS, E A FAMOSA CAMUFLAGEM?


De todos os atributos que os polvos possuem, o mais incrível é a sua capacidade de se camuflar nos diferentes ambientes aquáticos. Esses animais utilizam a camuflagem para fugir de predadores, caçar suas presas, comunicar-se entre si (espantar outros polvos ou atrair fêmeas) e até mesmo indicar perigo, como é o caso do polvo-de-anéis-azuis, que possui círculos bem marcados de cor azulada em todo o seu corpo, indicando seu poderoso veneno.


A pele dos polvos é coberta por células especiais, com pigmentos de vários tipos, como cromatóforos e iridiócitos que, quando trabalham em conjunto, conseguem produzir uma camuflagem perfeitamente igual ao ambiente onde os animais precisam se esconder e de forma extremamente rápida. O curioso das células cromatóforas é que elas não mudam de cor, pois cada uma já possui uma cor específica. O que ocorre é uma expansão dos cromatóforos da cor desejada, enquanto os demais se contraem, resultando na camuflagem ideal.



Ao centro, é possível reconhecer o polvo camuflando-se nas pedras marinhas. Fonte: Gord Webster/Flickr (CC BY-SA 2.0).


Outro caso incrivelmente curioso é o polvo-imitador da Indonésia. Esse molusco possui uma coloração mais característica, com o corpo todo listrado em preto e branco, porém tem a habilidade de imitar o comportamento (como nado e movimentos) de diversos outros animais, como a cobra-do-mar, o peixe-leão e o peixe linguado. Esse animal ainda consegue nadar na coluna d’água, coisa rara entre os Octopoda! Esse talento o ajuda a amedrontar e confundir possíveis predadores.


Está para nascer outro animal com tantos atributos assim!


Polvo de coloração alaranjada e com círculos azuis.

Polvo-de-anéis-azuis. Embora pequeno, esse animal tem veneno suficiente para paralisar até 10 homens. Fonte: pen_ash/Pixabay (Domínio Público).



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Bibliografia


BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. McGraw-Hill, 2005.

MAGALHÃES-SANT’ANA, M. Consciência animal: para além dos vertebrados. Jornal de Ciências Cognitivas, v. 11, mar. 2009. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/307167210_Consciencia_animal_para_alem_dos_vertebrados>. Acesso em: 18 nov. 2017.

RIBEIRO-COSTA, C. S.; ROCHA, R. M. Invertebrados: manual de aulas práticas. Ribeirão Preto: Holos, 2002. 226 p.

RUPPERT, E. E.; FOX, R. S.; BARNES, R. D. Zoologia dos invertebrados: uma abordagem funcional-evolutiva. 7. ed. São Paulo: Roca, 2005. 1145 p.



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