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Pinípedes: lobos-marinhos, leões-marinhos, elefantes-marinhos, morsas e focas

Atualizado: 7 de mai. de 2021

Autores: Raphaela Alt Müller, Mariana P. Haueisen, Thais R. Semprebom e Douglas F. Peiró



Imagem com cinco fotos de diferentes pinípedes. Na parte superior esquerda, a foto "A" é um leão-marinho. Na parte superior direita, a foto "B" é um lobo-marinho. Na parte inferior esquerda, a foto 'C' é uma foca. Na parte inferior direita, a foto 'D' é uma morsa. No meio da imagem, a foto 'E', é um elefante-marinho.

Em A, percebe-se que o animal possui um nariz largo e sem orelhas proeminentes, essas características são vistas nos leões-marinhos (família Otariidae, espécie Otaria flavescens). Em B, o animal possui um focinho comprido e longo, com orelhas bem evidentes, características dos lobos-marinhos (família Otariidae, espécie Arctocephalus australis). Na letra C, o animal não apresenta orelhas externas, característica fundamental das focas (família Phocidae). Na foto D, bigodes e dentes grandes são vistos, característica das morsas (família Odobenidae, espécie Odobenus rosmarus) . Em E, o animal apresenta um grande focinho, parecido com de um elefante, característica que faz com o que o animal se chame elefante-marinho (família Phocidae, espécie Mirounga angustirostris). Fonte: (A) Alexas_Fotos/Pixabay; (B) tataninireo/Pixabay; (C) ToNic-Pics/Pixabay; (D) Autor desconhecido/Pixabay; (E) KevCam/Pixabay.



Os pinípedes são mamíferos adaptados tanto à vida aquática quanto à terrestre. Na terra, eles realizam a troca de pelagem, descansam e se reproduzem, e, no mar, buscam seu alimento. Eles podem ser encontrados em todos os oceanos do globo, porém, se concentram principalmente nas águas frias do Ártico e da Antártica. Lobos e leões-marinhos são vistos aqui no Brasil, geralmente descansando em substratos rochosos, praias ou em locais onde a atividade pesqueira é frequente.


Fazem parte da Ordem Carnivora, dentro da Infraordem Pinnipedia. Estão classificados em três famílias: Otariidae (lobos e leões-marinhos), Odobenidae (morsas) e Phocidae (focas e elefantes-marinhos). No Brasil, é relatada a ocorrência de representantes das famílias Otariidae e Phocidae.


Os pinípedes apresentam o corpo cilíndrico, com extremidades alongadas e finas, e coberto de pelos, que são anualmente renovados. As orelhas externas podem ou não estar presentes. Possuem uma camada de gordura bem espessa, que ajudam a manter seu corpo aquecido. Alimentam-se, em geral, de peixes, crustáceos e outros animais marinhos, como os pinguins.



Fotografia de uma foca submersa no mar de água esverdeada. Ela está de frente para a câmera.

Foca-comum (família Phocidae, espécie Phoca vitulina) nadando no Mar do Norte, no Oceano Atlântico. Fonte: Ole Wieneke/Pixabay.



FAMÍLIA OTARIIDAE


A família Otariidae engloba os lobos e leões-marinhos. Ela inclui 14 espécies, das quais quatro ocorrem na costa sul no Brasil: lobo-marinho-ártico (Arctocephalus gazella), lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis), leão-marinho-sulamericano (Otaria flavescens) e o lobo-marinho-subantártico (Arctocephalus tropicalis).


O grupo se caracteriza por ter presença de orelhas externas e o apoio nos membros anteriores durante a locomoção, as nadadeiras posteriores podem ser projetadas anteriormente, ventralmente, o que facilita seu movimento em terra. Sua pelagem é curta e grossa. Os orifícios respiratórios estão posicionados na parte frontal, e eles são capazes de abrir e fechar as narinas de forma voluntária.


Os lobos-marinhos possuem um focinho fino e comprido, com orelhas externas salientes, o macho pode chegar a 1,90 m de comprimento pesando aproximadamente 160 kg.



Fotografia de um lobo-marinho em cima de pedras. Ele está posicionado lateralmente e de olhos fechados se apoiando nas nadadeiras anteriores.

Lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis). Repare no focinho pontudo e nas orelhas bem visíveis, características típicas dos lobos-marinhos. Fonte: CHUCAO/Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0).



Já os leões-marinhos possuem um focinho largo e curto, com orelhas pequenas e escondidas. Os machos chegam a 2,55 m de comprimento e podem pesar 360 kg. Além disso, possuem uma camada de pelos ao redor do pescoço, formando uma juba, por isso o nome “leão-marinho”.



Fotografia de um leão-marinho em cima de pedras, posicionado lateralmente, olhando para a câmera e está se apoiando nas nadadeiras anteriores. Ao fundo vemos o céu esbranquiçado e uma ave nas pedras.

Leão-marinho-do-sul (Otaria flavescens) no canal do Beagle. Repare no focinho curto e nas orelhas curtas. Esse animal também apresenta uma camada de pelos bem evidentes ao redor do pescoço, formando uma juba. Fonte: Atsme/Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0).



FAMÍLIA PHOCIDAE


A família Phocidae engloba as focas verdadeiras e os elefantes-marinhos. Os animais desta família são encontrados nos principais oceanos do mundo, exceto no Oceano Índico. Ao total, são conhecidas 19 espécies e, no Brasil, são registradas três delas: Mirounga leonina (elefante-marinho-do-sul), Lobodon carcinophagus (foca-caranguejeira) e Hydrurga leptonyx (foca-leopardo).



Foto de um elefante-marinho deitado na praia. Ele está deitado de barriga para baixo, ao fundo vemos o o mar e, na frente do elefante, há uma ave caminhando sobre a areia.

O elefante-marinho-do-norte (Mirounga angustirostris). Fonte: Autor desconhecido/Pixabay.



Os membros desta família variam muito em tamanho, os menores pesam cerca de 90 kg, já os maiores podem pesar 3.600 kg. Os elefantes-marinhos, que são considerados os maiores Pinípedes, possuem uma camada de gordura bastante densa, representando mais de 25% de todo o peso do animal.


A orelha externa é ausente, as nadadeiras anteriores são bem curtas, menos de ¼ do comprimento do corpo, com unhas bem desenvolvidas. As nadadeiras traseiras são grandes e se estendem caudalmente. Em terra, esse animais movem-se de forma peculiar, é uma combinação de deslizar e flexionar o corpo de um lado para o outro, já que não conseguem usar as nadadeiras para se locomover.



Fotografia de uma foca deitada lateralmente no gelo. Ela está com o ventre voltado para a lateral e as nadadeiras próximas ao peito. Ao fundo há bastante neve e gelo.

Foca-leopardo (Hydrurga leptonyx) na península de Tabarin. Fonte: Godot13/Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0).



São animais mais adaptados à vida aquática do que terrestre. São talentosos mergulhadores e podem atingir grandes profundidades, permanecendo debaixo d'água por períodos prolongados. Algumas espécies podem mergulhar a profundidades de 600 m e ficar submersas por mais de uma hora.



FAMÍLIA ODOBENIDAE


A morsa (Odobenus rosmarus) é um animal que não ocorre no Brasil, pois habita as águas ao redor do Círculo Polar Ártico. É a última espécie sobrevivente e está dividida em três subespécies: A morsa do Atlântico (Odobenus rosmarus rosmarus), a morsa do Pacífico (Odobenus rosmarus divergens), e a morsa de Laptev (Odobenus rosmarus laptevi).


São conhecidas por suas presas enormes, que, na verdade, são apenas dentes caninos bastante desenvolvidos. As presas são usadas para que as morsas se defendam de predadores maiores e é uma maneira de estabelecer dominância e hierarquia no grupo, elas podem romper 20 cm de gelo e ajudam esses indivíduos a sair da água. Essas presas podem crescer até 90 cm de comprimento, mas o tamanho médio é de aproximadamente 50 cm.



Morsa deitada no gelo. Foto tirada lateralmente. Ao fundo há água e gelo.

Morsa (Odobenus rosmarus divergens) no Alaska, mar de Bering. Fonte: Budd Christman/NOAA Corps/Wikimedia Commons (CC0).



As morsas são um dos maiores pinípedes, só perdem em tamanho para as 2 espécies de elefantes-marinhos. Elas pesam de 1.200 a 1.500 kg e podem atingir 3,2 m de comprimento total. Os machos são quase o dobro do tamanho das fêmeas e possuem presas mais longas e mais grossas.


Esses representantes possuem a cabeça bastante arredondada, o focinho é largo e não possuem pelos no corpo, apenas vibrissas (conhecidas como bigodes), que são usadas para obter informações táteis.



AMEAÇAS AOS PINÍPEDES


No Brasil, não há colônias de reprodução de pinípedes. Entretanto, eles realizam deslocamentos que acontecem, geralmente, em uma determinada época do ano e utilizam com frequência o litoral sul e sudeste do Brasil como área de descanso entre seus deslocamentos. Apesar das campanhas de conscientização sobre como proceder ao encontrar um pinípede na praia, a grande maioria da população ainda maltrata os animais molestando-os, cutucando-os e jogando água enquanto dormem, forçando-os a voltar para água.


A presença de animais domésticos é um dos principais fatores de ameaça aos pinípedes, tanto pelo potencial de agressão física quanto pela possibilidade de transmissão de doenças. Outras ameaças incluem a interação incidental com a pesca artesanal e industrial, além de outros fatores antrópicos, como a degradação do ambiente costeiro e atividades como a pesca amadora e jet-skis.


Apesar de não estarem listados no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, a cada ano diminui a quantidade registrada de indivíduos desse grupo. É importante que haja ações voltadas para a conservação desses seres, antes que suas populações entrem em declínio ou mesmo sejam eliminadas.




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Bibliografia


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